Quando a verdade precisa de tempo para aparecer

 


Quando a verdade precisa de tempo para aparecer

Nem toda verdade surge no calor do debate. Algumas precisam do tempo para se impor. Outras só aparecem quando o barulho diminui e os documentos falam mais alto. Em janeiro de 2014, um texto publicado no Grêmio Copero levantou questões que, à época, foram ignoradas ou distorcidas no debate público sobre os estádios em Porto Alegre.

Hoje, com distância histórica, vale revisitar aquele material — não como provocação, mas como esclarecimento.


O discurso que se repetiu — e se cristalizou

Durante meses, construiu-se uma narrativa dominante: de um lado, o “negócio perfeito”; do outro, um suposto fracasso. Essa versão foi repetida à exaustão por setores da imprensa, dirigentes e formadores de opinião. A Arena do Grêmio virou alvo constante, enquanto o projeto rival era tratado como modelo inquestionável.

A repetição criou uma sensação de verdade absoluta. Mas a verdade, como quase sempre, era mais complexa.


O que os documentos mostram

A investigação apresentada à época baseava-se em algo simples e incontestável: documentos públicos. Eles demonstram que os dois projetos utilizam o mesmo instrumento jurídico — o direito real de superfície.

Esse modelo separa a propriedade do solo da exploração econômica da estrutura construída sobre ele. Durante o prazo contratual, quem explora é o superficiário. Ao final, o ativo retorna ao proprietário original.

Ou seja: o mecanismo é o mesmo. A diferença nunca esteve na estrutura jurídica, mas na forma como a informação foi comunicada.




A “superficiária” e o controle real do negócio

No caso do Beira-Rio reformado, a exploração ficou a cargo de uma empresa criada especificamente para esse fim, controlada integralmente pela empreiteira responsável pela obra. Durante 20 anos, ela detém o controle econômico do estádio e das estruturas anexas.

Esse fato, pouco divulgado à época, desmonta a ideia de que um projeto representava soberania absoluta enquanto o outro não.


Arena e Beira-Rio: narrativas diferentes, mesma lógica

Quando se diz que a Arena do Grêmio “não é do Grêmio”, a mesma lógica precisaria ser aplicada ao outro estádio. O que nunca aconteceu. A diferença esteve menos no contrato e mais na construção simbólica do discurso público.

A história mostra que o problema não era jurídico — era narrativo.


Por que revisitar isso agora?

Porque clubes não vivem apenas de resultados. Vivem também de memória, identidade e verdade. Revisitar esse debate é um exercício de honestidade histórica, não de rivalidade.

O tempo cumpriu seu papel. Os documentos continuam lá. E a verdade, como quase sempre, não cabe em slogans.


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✍️ Sobre o autor

Márcio Oliveski é criador do blog Grêmio Copero Histórico, Criador de conteúdo esportivo e pesquisador da história do Grêmio. Apaixonado pelo Tricolor, dedica-se a resgatar memórias e curiosidades que marcaram gerações de torcedores.


📜 Atualização Histórica

Este artigo é uma atualização de um texto originalmente publicado no antigo Grêmio Copero, preservando o espírito e a memória gremista daquele período.

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